Reflexões Sobre Educação em Tempos de Quarentena

5 de junho de 2020
Reflexões Sobre Educação em Tempos de Quarentena

Por Virgínia Ferreira, professora da FMP/Fase

Hoje, gostaria de iniciar o texto pela definição dos termos. É sempre mais adequado indicarmos os caminhos através dos quais conduziremos as ideias.

Refletir  – ato de dobrar-se diante de si mesmo.

Quarentena  – Intervenção epidemiológica para restrição do movimento de pessoas e bens com a intenção de prevenir a dispersão de doenças infecciosas e pestes.

Educação  – “[…]  processo de reconhecimento, busca, apreensão e hierarquização dos valores de modo próprio e adequado para promover a humanização do homem enquanto pessoa e enquanto personalidade ”. (WERNECK, 2013, p. 37).

Da definição de educação podemos inferir:

1 – o homem não nasce humano. Ele se torna humano ou não;

2 – pensamos o homem enquanto pessoa e enquanto personalidade.

Pessoa – O verbo é SER. Características e valores universais e direitos inalienáveis. (necessidades orgânicas = saúde; consciência = sabe o que sabe; busca da verdade; vontade; capacidade afetiva) = DIGNIDADE.

Personalidade – O verbo é TER. É aquilo que corresponde às características de cada um. Necessidades diferentes, valores diferentes e mutáveis.

3 – Hierarquização dos Valores – Não são os valores que mudam. O que muda é a hierarquização dos valores.

Valor – É tudo aquilo que supre uma carência, uma necessidade.

Contra valor – É tudo aquilo que é nocivo, que faz mal a pessoa.

Não valor – É tudo aquilo que é indiferente.

Inversão de valores na hierarquia – Quando os valores da personalidade estão acima dos valores da pessoa. Em outras palavras, quando os valores individuais estão acima dos valores universais.

Só a título de informação, na teoria dos valores temos dois expoentes:

Ivan Gobry (1927 – 2017) – diz em sua obra que o valor está em nós e ainda, para Gobry o tempo: passado – presente e PORVIR – estar diante de possibilidades – o sujeito decide o futuro.

Max Scheler (1874 – 1928) – diz que o valor está nas coisas.

Escala de Valores:      Espiritualidade – MSF

Humanidade

Animalidade

Nietzsche – O homem é uma corda esticada entre a animalidade e o super-homem, aquele que se autodetermina.

Voltando a Educação e ressaltando que é o processo de humanização do homem, têm-se três tipos:

Educação Formal – Escola

Educação Não Formal – Cursos livres, cursos TV e a  mídia.

Educação Informal – Família, social, praça, nas ruas, TV e a  mídia.

Mídia – Seleciona informações – Não é isenta. Tende a padronizar os comportamentos. P.Ex. Propaganda da Coca-Cola nos lugares mais insólitos, como em tribos indígenas.

Estamos aqui remetidos a  Educação Formal – Aquela exercida pela escola .

Educação “modelo tradicional” – sala de aula, presencial. Educação acadêmica.

Estamos caminhando como de habitude. Entra ano, sai ano e permanecemos entrando em sala de aula, ministrando nossas aulas, nos utilizando dos mesmos recursos etc.

ABRUPTAMENTE SOMOS ATRAVESSADOS PELA PANDEMIA

A pandemia nos pegou a todos. Nossas vidas mudaram 180 graus.  Passamos da “tranqüilidade” advinda da rotina, a inquietude do como será; do ir e vir ao “confinamento” dentro de casa; do malabarismo psíquico para exortar a morte à possibilidade dela, da morte, diante de nossos olhos; das aulas presenciais as aulas virtuais.

Quanta mudança de uma hora para outra. Não fomos sequer consultados se gostaríamos de mudar ou não. Essa pandemia que nos obrigou a quarentena mexeu numa das maiores resistências do ser humano: a mudança. O ser humano, via de regra, tem muita resistência a mudança. Faz sempre o mesmo percurso para ir trabalhar; corta o cabelo sempre com o mesmo corte; senta para almoçar sempre no mesmo lugar a mesa; freqüenta o mesmo restaurante e senta sempre na mesma mesa e assim por diante.

Como assim, eu que sou uma acadêmica convicta, apaixonada por sala de aula presencial, palestras presenciais, debates presenciais e agora tenho que me despir dessa forma presencial e me adaptar ao universo virtual? A quarentena esta ai, mas a vida não pode parar. Vida que segue, com profundas mudanças, mas segue.

Apesar de ter minhas rotinas e hábitos como todos as têm, sempre considerei em minhas decisões e ações a “Teoria da Seleção Natural” de Charles Darwin que afirma que os organismos mais bem adaptados tem maiores chances de sobrevivência. Em outras palavras, a capacidade de adaptação não é tudo, é fundamental. Decerto que, numa época fluida como a era que vivemos, estamos em constantes mudanças, entretanto, são mudanças tão sutis que, parecem intervir muito pouco ou quase nada em nossa vida.

De repente eu me vi tendo que ministrar aulas no universo virtual e utilizar a plataforma Moodle. Não dividia mais o espaço físico com meus alunos, mas apenas o espaço temporal. Fomos lançados de um campus real, concreto, belíssimo, um bálsamo para a alma, confortável, um bálsamo para o corpo ao campus virtual.

A Instituição agiu rapidamente para que toda a comunidade acadêmica tivesse o melhor, por um lado, para que nós, professores, pudéssemos continuar ministrando nossas aulas de forma interativa e, por outro, para que os alunos tivessem os conteúdos interagindo com os colegas e com os professores, ou seja, sem perder nada. A instituição fez um grande investimento, providenciou para todos os professores o aplicativo Zoom que nos permite dar aula, por horas e com um número grande de alunos assistindo e interagindo em tempo real com os professores.

Bastante interessante observar que, apesar de minha resistência inicial, mergulhei de cabeça no Zoom e as aulas acontecem com quase 100% de freqüência, muita participação dos alunos, diria que até maior do que nas aulas presenciais. Tenho a nítida impressão que, apesar da distância física, estamos mais unidos, mais solidários, mais compreensivos, mais humanos, mais alegres. Sim, eu disse mais alegres.

Eu, Virgínia Ferreira, não só como professora, mas como cidadã, parabenizo e agradeço a FMPqFASE, hoje, UNIFASE: Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto pelo rápido e importante  investimento na formação de excelência de seu alunado. Num momento de crise é que se destacam as instituições que de fato são comprometidas com a Educação. Não é à toa nem por acaso que somos 5(cinco) estrelas e hoje, Centro Universitário.

A UNIFASE fez da quarentena um ponto de virada na Educação. Ponto de virada é uma expressão criada pelo roteirista Syd Field para caracterizar um acontecimento entre um ato e outro que lança o filme para frente e que o personagem principal não será mais o mesmo. Ou seja, é um problema ou um dilema inesperado que, ou o personagem se aventura ou recusa.

Quantas instituições recusaram, “paralisaram” com a quarentena. Não conseguiram, se é que tentaram fazer desse problema mundial, um ponto de virada.

A UNIFASE Não. Este Centro Universitário fez sim, com muita propriedade e esforço da quarentena um ponto de virada institucional e educacional. Está lançando a formação do alunado para frente, com seriedade, comprometimento e investimento.

Se educar é humanizar através do processo de hierarquização dos valores e, sendo valor aquilo que supre uma carência humana, eu careço de tudo aquilo que a educação que me foi dada me ensinou a carecer, sendo uma de minhas carências contribuir para a construção de uma sociedade melhor, mais justa, mais solidária, mais humana, através do conhecimento, da Educação.

Obrigada UNIFASE por me dar a chance de suprir uma de minhas carências.

Referências:

– DARWIN, Charles.  A Origem das Espécies e a Seleção Natural.  Trad. Soraya Freitas.-  São Paulo: Madras, 2011.

– FIELD, Syd.  Manual do Roteiro.  Trad. Álvaro Ramos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

–  GOBRY, Ivan.  De La Valeur . France: Editions L´Harmattan, 2001.

– SCHELER, Max.  Da Reviravolta dos Valores.  Trad. Marco Antônio dos Santos Casa Nova.- Petrópolis: Vozes, 1994.

– WERNECK, Vera Rudge.  Educação e Sensibilidade : um estudo sobre a teoria dos valores. Rio de Janeiro: Rovelle, 2013.

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