A Medicina Legal é como vemos nos filmes?

21 de julho de 2023
A Medicina Legal é como vemos nos filmes?

A Medicina Legal é um dos campos da Medicina mais retratados em filmes e séries, atraindo a atenção do público que se interessa por produções que combinam mistérios, investigação, crimes e justiça. CSI, NCIS, Bones. Existe uma gama de produções dedicadas a esse nicho e ela continua crescendo. Mas será que a Medicina Legal é como vemos nos filmes?


Apesar da mídia ter um papel importante para médicos legistas serem mais valorizados e reconhecidos pelo seu trabalho crucial à sociedade, ela também pode acabar distorcendo a realidade dessa profissão, criando estereótipos que impactam como a sociedade enxerga esses profissionais.


Este artigo irá desmistificar a área da Medicina Legal, comparando a ficção com realidade e trazendo mais informações sobre essa ciência que contribui com a área jurídica e médica.


Boa leitura!


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Na medicina legal nem tudo é suspense: a diferença das telas para o mundo real


Nos filmes e séries a Medicina Legal é retratada de forma
dramática e emocionante, com uma trama repleta de suspense e mistérios que fazem a audiência se sentir parte da equipe de investigação criminal.


Os médicos-legistas são apresentados ao público como super-heróis glamourosos, que resolvem em questão de horas qualquer tipo de caso, independente de sua complexidade.


A relevância da situação também é um ponto a ser abordado, já que nas telas é sempre algo chocante, grandioso, com cobertura jornalística, interesse da população e tudo mais. Porém, todas essas distorções da Medicina Legal real para aquela retratada na TV acontecem para agradar e entreter o público. 

Na realidade, os profissionais da área lidam com casos dos mais simples aos mais desafiadores, com grande relevância ou não, e que muitas vezes nem se vêm ao conhecimento público. 


Em relação à análise de evidências forenses e autópsia, o processo é bem mais demorado do que vemos nas telas. Isso porque os procedimentos devem ser realizados com atenção aos detalhes e uma análise minuciosa de tudo, podendo levar dias, semanas e até mesmo meses para o caso ser concluído.


Além disso, existem protocolos, diretrizes e toda uma burocracia a ser cumprida, algo que parece não fazer parte do cotidiano dos personagens médicos legistas da TV.


Como a mídia pode distorcer a realidade da profissão


A mídia distorce a realidade do dia a dia dos médicos legistas tornando
tudo mais exagerado e dramático. As atividades também são simplificadas no sentido de banalizar os processos que esses profissionais participam, já que na TV a autópsia é rápida e fácil, e a análise de evidências, na grande maioria, é a tecnologia quem faz.


E falando em tecnologia, muitos softwares, programas, dispositivos e equipamentos são apenas ficção, para deixar tudo ainda mais impressionante. Na vida real, há sim tecnologias forenses, mas não tão avançadas e modernas assim.


Todos esses pontos geram expectativas irreais e imprecisas ao trabalho de um médico legista, que na verdade participa de variados processos longos para analisar, interpretar e chegar a resultados confiáveis.


Além disso, o médico legista não trabalha sozinho. Onde estão as leis trabalhistas nos filmes e séries policiais? Brincadeiras à parte, o acúmulo de função dos médicos não condizem com a realidade. Eles contam com uma equipe multidisciplinar formada por peritos em balística, entomologistas, especialistas em DNA, entre outros.


A medicina legal na história


A Medicina Legal é uma das especialidades mais antigas da Medicina. Originalmente, ela
surgiu em 1507 na Alemanha, a partir do Código de Bamberg, que trouxe a obrigatoriedade aos juízes para solicitarem a opinião de médicos em casos de erro médico, homicídio e infanticídio.


Em 1532 a atividade foi oficializada pelo "Constitutio Crimanlis Carolina" (primeiro esboço do direito penal alemão, ou Strafgesetzbuch), que estabelecia a intervenção médica em mais casos além dos citados acima, tais como: lesões, suicídios, aborto, evenenameto e parto clandestino.


A partir disso, a Medicina Legal começou a ser disseminada por outros países europeus devido a importância de médicos em determinados processos jurídicos. No Brasil, os primeiros documentos médicos-legais datam o fim da era colonial, influenciados pela França, principalmente, mas também Itália e Alemanha.


Agostinho José de Souza Lima foi considerado o pioneiro em Medicina Legal em nosso país, pois assumiu a disciplina de prática médico-legal na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.


Foi em 2011 que o Conselho Federal de Medicina (CFM) instituiu o nome para essa especialidade como conhecemos hoje:
Medicina Legal e Perícias Médicas.


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A verdadeira rotina do especialista em medicina legal


Um profissional de Medicina Legal tem em sua rotina atividades que unem conhecimentos e responsabilidades tanto médicas quanto jurídicas.


As funções dependem da área de atuação do médico-legista e local de trabalho, mas podem incluir:


  • Realização de exames de autópsias para determinar causa e modo de morte;
  • Coleta de amostras para análises laboratoriais, como exames toxicológicos, testes de DNA ou histopatologia;
  • Análise forense, analisando evidências como cabelo, impressão digital e fluídos corporais;
  • Elaboração de relatórios e laudos técnicos;
  • Prestar depoimentos técnicos em tribunais;
  • Gerenciar registros e documentações;
  • Colaborar com outros profissionais forenses;
  • Identificação de vítimas.


Quais as áreas de atuação desse profissional?


Apesar do médico-legista ser frequentemente atrelado ao campo de investigação forense e perícia criminal, esse profissional pode contribuir e muito em outras áreas de atuação, tais como:


  • Medicina Legal Forense;
  • Identificação de vítimas;
  • Patologia Forense;
  • Medicina Legal Civil;
  • Psiquiatria Forense;
  • Medicina Legal de Trânsito;
  • Pesquisa e Ensino;
  • Consultoria e Assessoria.

O mercado de trabalho


O mercado de trabalho do profissional de Medicina Legal é bastante amplo, com atuação tanto no
setor público quanto no privado.


Caso opte pelo setor público, o principal caminho são os
concursos públicos (municipais, estaduais e federais) para atuar nas mais de 380 unidades dos institutos médicos-legais (IMLs) espalhados por todo o Brasil, ou então em departamentos policiais.


A
carreira acadêmica também é uma possibilidade, podendo atuar como docente em cursos tanto de Medicina quanto de Direito.


Já no setor privado, é possível prestar
consultoria para escritórios de advocacia ou trabalhar em hospitais, clínicas privadas e laboratórios forenses.


A média salarial de Medicina Legal é R$ 9.602,22, valor este que pode ultrapassar os R$ 24.000 a depender do cargo e localização. Nada mal, não é?


Como se tornar um especialista em medicina legal?


Antes de se especializar em Medicina Legal, o primeiro passo é fazer uma
graduação em Medicina. Após isso, é necessário realizar um programa de residência ou então uma pós-graduação lato sensu em Medicina Legal e Perícia Médica.


Na Faculdade de Medicina de Petrópolis, temos uma
especialização em Medicina Legal e Perícia Médica com duração de 14 meses, na modalidade semipresencial.


O curso é reconhecido pelo MEC e com corpo docente de excelência, formado por renomados profissionais da área pericial médica brasileira. Conheça a Faculdade de Medicina de Petrópolis, há mais de 50 anos formando médicos e profissionais da saúde!


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